Como já estou nas últimas horas de Cannes, a vida me passa como um filme diante dos olhos. Um filme de 30 segundos, claro. ;)
Fazendo um balanço geral do que vi por aqui, realmente o Festival é um acontecimento muito importante na nossa profissão. Não pelo glamour, não pelos prêmios, mas pelas pessoas.
Gente do mundo inteiro, com culturas completamentes distintas, com jeitos diferentes de encarar a propaganda. E perceber e valorizar essas diferenças é essencial pra nossa carreira.
No Brasil, o nosso Mercado é tipo um mundo artístico do lado B. Festas, personalidades, publicitários na Caras. E isso não é ruim, é simplesmente o nosso jeito de viver a propaganda.
Agora, o que não podemos fazer é viver só da propaganda.
Uma vez me perguntaram em uma entrevista qual eram minhas “referências” (só para medir o meu grau de nerdice internética). Aí, naquele momento sob pressão, soltei alguns sites e designers que admirava, mas depois parei pra pensar e me dei conta que referência é tudo que eu vivo. É a música que eu escuto, os filmes que eu vejo, os poemas que leio, os amigos que tenho e assim por diante.
Conhecer tudo que se faz no nosso meio é essencial para sabermos até onde podemos ir e também pra não corrermos o risco de fazer igual. É conhecer pra ir além. :D
Agora, mercadológicamente falando, se a gente realmente quer estar em contato com as pessoas de forma eficiente é preciso entender o que elas fazem, por que o fazem e como o fazem. Quais são as referências delas?
Senti falta de workshops e palestras sobre cinema, tecnologia, artes plásticas, recursos literários de engajamento do leitor…acho que tudo isso influencia muito a gente.
Enfim, eu sei que é uma análise meio sociológica e comportamental, mas ainda acho que falta olharmos um pouco pra fora e lembrar que a propaganda imita a vida e não o contrário.
Viver, conhecer, explorar, encontrar o diferente enriquece o nosso trabalho. Aumenta a criatividade. É combustível pras ideias. Amplia os horizontes. E ajuda sim a ganhar prêmios.
E diante disso, encerro então este post com um excerto que li outro dia e comprova que tudo pode virar referência:
“pendurou-se-me uma ideia no trapézio do meu cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de volatim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te”.
Um roteiro lindo para um filme publicitário.
Criado pelo redator Machado de Assis. ;)
Beijos
E.
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