quarta-feira, 1 de julho de 2009
Qual é a desculpa que você vai dar pro seu chefe?
Para encerrar esse ciclo de posts relacionados a tendências e assuntos de Cannes, queria falar de uma palestra que vi ministrada pelo pessoal da Contagious, uma revista que reúne o que há de melhor e mais fresco em tecnologia, virais e ações de comunicação.
Durante a palestra, eles apresentaram diversos cases premiados em Cannes. Mas o que mais me chamou atenção foi uma frase que a palestrante disse.
Ela afirmou que a Tecnologia muitas vezes aparece para preencher lacunas, para otimizar processos já existentes, dar uma turbinada em idéias muito boas, mas pouco práticas.
É mais ou menos assim: sabe quando o seu Diretor de Criação fala que "a idéia tá boa, mas precisa dar uma arredondada"?
Pois então, tem vezes que a Tecnologia é quem dá esse toque final. E a personificação não é por acaso! Ao meu ver, ela merece todo nosso respeito e deve ser usada quando for pertinente e relevante. E não como um mero efeito especial!
O exemplo usado na palestra para ilustrar essa relevância é sensacional.
Há um tempo, no Japão, quando um trem se atrasava, um oficial das ferrovias descia na plataforma e entregava aos passageiros que estavam esperando o trem, um comunicado oficial para ser entregue aos chefes daquelas pessoas. A carta alegava que o atraso dos funcionários naquele dia, ocorria por causa do atraso do trem.
A ideia por si é demais, porém era muito trabalhosa e custosa. Daí então, a magia do Bluetooth entrou em ação: hoje quando um trem se atrasa no Japão, basta ligar o bluetooth para receber automaticamente a mesma mensagem no seu celular e depois mostrar pro seu chefe.
Simples, prático, inteligente e elimina desculpinhas esfarrapadas!
Então, a dica que fica para nós, geeks tecnológicos, criativos megalomaníacos é procurar oportunidades que nos permitam usar a Tecnologia com pertinência e relevância. :D
Assim como os japoneses.
Que, diga-se de passagem, têm muito pra ensinar pra gente: afinal, eles vão estar sempre um dia na nossa frente! ;)
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Eu contrataria o Picasso pra fazer uns layouts e o Pessoa pra fazer uns títulos.
Fazendo um balanço geral do que vi por aqui, realmente o Festival é um acontecimento muito importante na nossa profissão. Não pelo glamour, não pelos prêmios, mas pelas pessoas.
Gente do mundo inteiro, com culturas completamentes distintas, com jeitos diferentes de encarar a propaganda. E perceber e valorizar essas diferenças é essencial pra nossa carreira.
No Brasil, o nosso Mercado é tipo um mundo artístico do lado B. Festas, personalidades, publicitários na Caras. E isso não é ruim, é simplesmente o nosso jeito de viver a propaganda.
Agora, o que não podemos fazer é viver só da propaganda.
Uma vez me perguntaram em uma entrevista qual eram minhas “referências” (só para medir o meu grau de nerdice internética). Aí, naquele momento sob pressão, soltei alguns sites e designers que admirava, mas depois parei pra pensar e me dei conta que referência é tudo que eu vivo. É a música que eu escuto, os filmes que eu vejo, os poemas que leio, os amigos que tenho e assim por diante.
Conhecer tudo que se faz no nosso meio é essencial para sabermos até onde podemos ir e também pra não corrermos o risco de fazer igual. É conhecer pra ir além. :D
Agora, mercadológicamente falando, se a gente realmente quer estar em contato com as pessoas de forma eficiente é preciso entender o que elas fazem, por que o fazem e como o fazem. Quais são as referências delas?
Senti falta de workshops e palestras sobre cinema, tecnologia, artes plásticas, recursos literários de engajamento do leitor…acho que tudo isso influencia muito a gente.
Enfim, eu sei que é uma análise meio sociológica e comportamental, mas ainda acho que falta olharmos um pouco pra fora e lembrar que a propaganda imita a vida e não o contrário.
Viver, conhecer, explorar, encontrar o diferente enriquece o nosso trabalho. Aumenta a criatividade. É combustível pras ideias. Amplia os horizontes. E ajuda sim a ganhar prêmios.
E diante disso, encerro então este post com um excerto que li outro dia e comprova que tudo pode virar referência:
“pendurou-se-me uma ideia no trapézio do meu cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de volatim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te”.
Um roteiro lindo para um filme publicitário.
Criado pelo redator Machado de Assis. ;)
Beijos
E.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
GANHAMOS UM LEAAAOOOO!!!
De 2 leões que o Brasil teve, um é nosso. Usando a estatística ao nosso favor, podemos afirmar com categoria que a Sun/MRM levou metade dos prêmios de Cyber. ;)
Acho que para uma agência que tem como meta se digitalizar, esse é um dos melhores sinais para indicar que ela está no caminho certo.
Porém, o Brasil teve um desempenho muito tímido em relação aos outros anos. E a justificativa é muito simples: esse resultado confirma que os assuntos abordados nas palestras (integração, relevância, experiência), não são papo pra boi dormir, mas papo pra gente acordar.
Se formos observar a maioria dos vencedores da categoria Cyber, veremos que todas envolvem campanhas muito integradas e trouxeram algum tipo de experiência inusitada e que não será esquecida pelo consumidor. Whooper Sacrifice, por exemplo.
O júri esse ano também teve suas peculiaridades: muitos dos jurados eram redatores! E portanto um dos fatores mais levados em consideração foi o conceito das peças.
Para vocês terem uma ideia, diversos questionamentos foram feitos sobre todas as peças.
"Qual a efetividade da campanha? Ela funcionaria em todos os países? Será que esta peça não representa um certo imperialismo? Será que este casting está adequado para todos os lugares do mundo? Etc, etc, etc…”
Logo, quanto mais advogados do diabo formos com as nossas próprias criações melhor conseguiremos responder todos esses questionamentos.
O nosso leão é muito mais do que um leão! E é muito bom saber que conseguimos representar o Brasil no Festival. Porém, como eu já disse, agora é olhar lá pra frente. Pensar coisas grandes. Grandes não no orçamento, mas na ideia, no alcance, no engajamento. E pra quem se solidificou no mercado fazendo Marketing de Relacionamento, esse último quesito, a gente tira de letra.
A nossa peça SUPER VENCEDORA era tecnologicamente simples, mas com um conceito redondo, universal, muito bem amarrado, que respondeu todas as perguntas minimalistas dos jurados.
E por isso eu reforço a dica de hoje: precisamos parar de pensar em peças com sacadinhas ou que usam a tecnologia pela tecnologia. Porque a única categoria na qual essas peças vão se encaixar é a de a mico-leão dourado.
Ganhamos um leão. Mas, a partir de agora, o que vale mesmo é o Safari.
Beijos MUITO felizes e orgulhosos.
Elisa
terça-feira, 23 de junho de 2009
22-06 É possível propagar sem fazer propaganda
Ontem, na palestra da Goviral sobre Mídia Social e o espaço dos videos na internet, o palestrante Jimmy Maymann fez um overview sobre o novo comportamento das pessoas em relação à propaganda. Muitos dos assuntos abordados também foram tratados nas outras palestras, mas há alguns pontos que ele colocou que são bem interessantes.
O que deu base para todos os seus argumentos foi o trinômio “Owned Media, Payed Media, Organic Media”. Ele mostrou alguns cases de sucesso que não tiveram mídia paga, mas que geraram um buzz incrível.
Essa nova categoria de mídia, a mídia orgânica, talvez seja hoje uma das mais importantes. E para conseguir conquistá-la é necessária a “social glue”, ou seja, oferecer algo que realmente prenda as pessoas e que estas, uma vez coladas, colem em mais e mais gente. A tangibilidade, então, passa a ser um elemento chave para tal.
E foi a partir daí que a palestra abriu os meus olhos pra um conceito que eu nunca tinha parado pra pensar: o mundo do impresso e da televisão é muito distante das pessoas.
As mulheres perfeitas em capas de revistas, a vida das celebridades expostas no jornal gera curiosidade, mas não identificação.
Em contra partida, a possibilidade de ter um blog ou um site, é a possibilidade de, no seu mundo, ser famoso. Ter seu espaço, subir suas fotos e vídeos e principalmente COMPARTILHAR tudo isso com sua rede de contatos, coloca cada um de nós no mesmo patamar de uma celebridade, afinal todo mundo passa a saber mais da sua vida, segue seus pensamentos do dia, copia seus links e ainda os repassa para os outros.
As pessoas têm usado milhares de ferramentas para se expor. Será que nós estamos usando todas elas para ficar em contato constante com esses consumidores?
A internet ampliou os pontos de contato com as pessoas. E é muito importante que, cada vez mais, tenhamos um olhar estratégico para não subutilizar esse trunfo. Não podemos perder a oportunidade de falar com elas o tempo todo. E estar onde elas estão.
Eu nunca vou estar na capa de uma revista, mas posso estar na capa de um portal como blog destacado. Os paparazzi nunca vão me seguir, mas meus amigos sim. E nunca vou ter um especial sobre minha vida no People and Arts, mas posso ter o meu canal no Youtube.
E porque não ter tudo isso e ainda contar com um sponsor das marcas que eu mais gosto? Porque aí sim eu vou me sentir realmente famosa.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
21/06 - O futuro da Televisão
Hoje pela manhã, eu assisti à palestra da Razorfish que abordou o futuro da televisão.
Basicamente eles desenharam qual será o perfil da televisão daqui a 10 anos, quais ferramentas ela terá e como será a nossa relação com a programação.
O palestrante e diretor de planejamento, Andy Pimentel, disse que cada vez mais a televisão será para os preguiçosos de plantão. Tudo cada vez mais fácil, personalizável e just in time: você quer, você tem.
Ele afirmou que a TV caminha para a “internetificação” e juntará ferramentas de busca, canais segmentados por celebridade, aplicativos para acompanhar ao que seus amigos estão assistindo, “chatear” com eles em real time, seguir a programação dos outros, além de contar com um sistema de rastreamento para detectar os progamas aos quais você terá assistido com frequência.
Será uma TVtwitbooktubechatoogle. Tudo para trazer relevância para o consumidor, que deve então passar a ser visto como co-criador de produtos e programações. Disse o palestrante: “We will blend TV and web, brand and direct in ways we can’t today.”
Como case ele mostrou um aplicativo da Levi's no facebook com o qual você podia assistir à entrega do Oscar e ir parando cada celebridade quando quisesse. Ao pará-las, com um simples mouse-over, era possível ver que roupa ela estava usando, qual o estilista, qual o preço, etc.
Daí então, parafraseando o Andy: “We need to do less ads and more inside shows”.
Finalizando a palestra, ele deixou as seguintes dicas para nós profissionais da comunicação:
1. É muito importante agradar, senão as pessoas que terão cada vez mais poder e autonomia na mão, ignorarão completamente a sua marca;
2. 30 segundos passará a ser um número totalmente relativo, não deverá haver esse tipo de limitação;
3. Saberemos com quem realmente estamos falando;
4. Não haverá qualquer tipo de controle nas conversações, por isso é importante estar preparado para todo e qualquer comentário ou movimento;
5. Pessoas vão ignorar propagandas. Ofereça conteúdo;
6. Não vamos falar para as pessoas. Vamos interagir com elas.
E principalmente: nossa criatividade precisa existir em tempo real. As opiniões e vontades estão cada vez mais mutantes (em todos os sentidos) e precisamos conseguir acompanhá-las.
Portanto, se vale a minha dica, é bom que realmente todo mundo comece a se digitalizar. E isso não é papo. É fato.
Beijos
E.
Primeiro dia em Cannes.
Depois de viajar com um A330 da Airfrance, com milhares de pessoas de máscara anti-gripe palmeirense. Depois de uma suspeita de bomba no aeroporto Charles de Gaulle e de um homem com um cachorro escondido na mala de mão do voo de Paris para Nice, cheguei. Viva.
No sábado ainda não havia nenhum evento acontecendo aqui no Palais. Então resolvi curar o jet leg pra poder aproveitar a semana.
Nos posts seguintes vou colocar as peças que vi, as palestras e informações bacanas que tenho ouvido aqui nesses dias. ;)